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Artigo

Vida e Morte de um Herói do 13 BC - Capítulo V

  • Arquivo Histórico de Joinville - Estação ferroviária de Joinville, na rua Leite Ribeiro, atual bairro Anita Gatibaldi. Thomaz e Etelvino percorreram a pé cerca de 6 quilômetros até o bairro Boa Vista

Capítulo V - Da Redação 12:15 hs - Thomaz e Etelvino haviam terminado a venda da carga de loucas. No meio da tarde quando se preparavam para  deixar o cais do Mercado Municipal de São Francisco do Sul e iniciar a viagem de volta, Thomaz olhou para o céu como habitualmente fazia para analisar as condições do tempo. Concluiu que seria uma temeridade lançar-se ao mar ante a ameaça iminente temporal. Decidiu esperar, já que a direção do vento poderia mudar de direção e dissipar o temporal.

Não demorou muito para que o  temporal  desabasse sobre a  cidade com ventos e chuva intensa. Na no fim da tarde, abrigados no vão coberto do mercado e a visão do mar impedida pela intensidade da chuva, pai e filho não mais alimentavam esperanças de voltar a bordo da pequena canoa.  Mesmo que o temporal cessasse durante a noite, não seria possível empreender a viagem  de volta por falta de condições para a navegação noturna.

Os relâmpagos ainda cruzavam o céu e a canoa, amarrada ao cais do Mercado, balançava agitada por fortes ondas quando Thomas falou para o filho sobre sua decisão. Lembrou  que à noite uma composição ferroviária partia de São Francisco do Sul com destino a Porto União com parada na Estação de Joinville. Composto de vagões de carga e de passageiros, o conhecido trem misto tinha à frente uma locomotiva movida a vapor,  conhecida por maria-fumaça. Anciosos por imaginar a preocupação da família,  esperavam uma estiagem para percorrer a pé a distância entre o mercado e a estação ferroviária.

A bordo do vagão, com pressa para chegar em casa e pôr fim à sofrida espera da família, os dois aguardavam o soar do apito anunciando a partida do trem. Quando a composição iniciou seus primeiros movimentos, uma sensação de alívio dominou pai e filho. Sabiam que, além da viagem de trem, que para eles terminava na estação de Joinville, havia ainda um grande percurso entre a estação e o bairro Boa Vista onde ficava a casa da família. Uma preocupação que nem  os constantes solavancos provocados pela passagem das rodas da composição sobre as emendas dos trilhos conseguiam afastar.

Ainda mergulhados em seus pensamentos na esperança de encontrar uma solução para a viagem até a casa, os dois foram despertados pelo apito do trem anunciando a parada na estação de Joinville. Sem bagagem, saíram rapidamente do vagão. Os alimentos resultantes da troca por louças  de barro, como não eram perecíveis haviam ficado no mercado aguardando a próxima viagem, quando voltariam  para buscar a canoa.

Já na madrugada, os dois permaneciam em frente à estação de Joinville esperando  a chegada de algum meio de transporte. Sabiam que durante o dia muitas carroças de frete que se dedicavam ao transporte de cargas faziam ponto no local onde havia o movimentado depósito de cargas da estação, mas naquele horário os poucos que  ali se encontravam  já estavam contratados seus  itinerários não incluía passagem pelo Boa Vista.

A lua iluminava a madrugada e estrelas pontilhavam no céu, contrastando com o momento da partida quando o firmamento de apresentava coberto por nuvens escuras. Parecia que a natureza antes hostil,  se enfeitava para saudar a volta dos viajantes do mar.

Animados pelo cenário pai e filho resolveram botar o pé na estrada. A longa viagem exigia que atravessassem toda a cidade  até alcançar a rua 15 de novembro, uma das vias centrais, onde nas proximidades do Cine Palácio havia a única ponte sobre o rio Cachoeira. Depois de  atravessar a precária ponte de madeira, ao chegar na rua Aubé a jornada a pé iniciada com a luz da lua tinha agora o sol por companhia.

Na casa da família o sol já iluminava a manhã e a bela cerejeira que testemunhou o sofrimento da família durante a longa espera, projetava agora sua sombra benfazeja. Sobre os bancos em volta de seu tronco, os filhos  e amigos da família permaneciam aguardando notícias dos dois, que, na opinião de  alguns amigos, poderiam estar perdidos no mar.

Sempre  que fechava os olhos naquela longa noite sem dormir, Maria Francisca era despertada por maus presságios. O nascer, o novo dia a encontrou em estado e desespero, como que vivesse um pesadelo acordada. De joelhos diante da moldura de São Pedro ela orava fervorosamente pela volta do marido e do filho e lembrava de tantos milagres que ela atribuía ao santo, desde a compra da moldura em 1928, adquirida de um mascate.

Concentrada com o olhar fixo na imagem do santo pedindo piedade, Maria Francisca demorou para perceber a grande movimentação na frente da casa, quando olhou através da janela, o que seus olhos viram sua mente jamais esqueceu.

Internet/Canoa de um pau só idêntica a embarcação utilizada por Thomaz e Etelvino para o transporte da louças de barro. Sem motor, contando apenas com a possibilidade de ventos capazes de enfunar a vela ou a força de remos, tinha a seu favor a maré vazante para chegar ao destino, o Mercado Municipal de São Francisco do Sul

Não percam o próximo capitulo de Vida e Morte de um Herói do 13  BC - postagem na segunda-feira, dia 3/1

Ary Silveira de Souza - Editor do JI Online




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